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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Skull and Bones



Essas são as verdadeiras sociedades secretas, pois suas experiências são estudadas em textos especializados. Não é possível, por exemplo, correr atrás de uma filiação nesses grupos; são eles que vêm até você.

Uma das sociedades secretas mais polêmicas tem sua origem no lugar mais improvável: a Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, nos Estados Unidos. Nesse lugar, encontraremos um edifício, localizado na High Street, em pleno campus da universidade, com acesso restrito. Uma busca oficial indicará que a construção - de um só andar e em estilo arquitetônico greco-egípcio, quase sem aberturas e protegido por uma porta que possui várias fechaduras pesadas - pertence a uma tal de Russell TrustAssociation. A denominação oficial não indica absolutamente nada que possa atrair curiosos de plantão, mas o nome pelo qual esse grupo é conhecido incita as imaginações dos neófitos: Skull and Bones (Caveira e Ossos).

Antes que alguém pense em fazer piadinha com esse nome, é bom deixar claro que não se trata de nenhum grupo adorador de piratas ou coisa semelhante. Caso o leitor não saiba, o símbolo da caveira com ossos cruzados em forma de X nada mais é do que um sinal internacional de perigo. E talvez seja mesmo isso o que esse grupo signifique, posto que poucos acreditam que uma sociedade secreta originada no meio acadêmico possa ter algum tipo de influência no mundo secular.

A jornalista americana Alexandra Robbins, autora do livro Secrets of 7he Tomb (Segredos da Tumba, livro ainda inédito no Brasil), estudou com afinco esse grupo, e afirma, com todas as letras, tratar-se da "sociedade secreta mais poderosa dos Estados Unidos". Se levarmos em conta que pelo menos três presidentes norte-americanos (os dois George Bush e William Taft) foram membros confirmados da dita agremiação, a imaginação começa a correr solta. E isso não é tudo, pois eles também emplacaram ministros, chefes de estado e dirigentes da CIA. Estranho, não?

Na literatura existente sobre sociedades secretas, vários são os grupos acusados de planejarem o domínio do mundo, dentre eles, os mais conhecidos são a Maçonaria e os Illuminati. Entre os menos conhecidos, temos não apenas o Clube Bilderberger mas também a Skull and Bones. A importância do grupo é tanta que, segundo boatos não confirmados na Internet, Dan Brown estaria tentado a mudar o vilão de seu novo livro, o ainda inédito A Chave de Salomão, que originalmente enfocaria a Maçonaria, para a irmandade de Yale.

Porém, afinal, o que eles possuem de tão espetacular e mórbido, além do nome? Se não há confirmações sobre seus verdadeiros objetivos e propósitos, por que dar ouvidos a especulações? A resposta é simples: seus membros são mais dissimulados que os de qualquer outro grupo. Para se ter uma ideia, uma das informações mais divulgadas sobre os bonesmen (homens-osso, como são conhecidos membros e ex-membros) é que, quando estão em qualquer evento, público ou não, e uma pessoa fala abertamente sobre a irmandade, eles são obrigados a se retirar imediatamente da sala onde estão. Ninguém, nem mesmo os jornalistas, obtiveram confirmação de nenhum dos Bush sobre como é, ou quais ainda são, seus laços com esse obscuro grupo.

Origens
Tudo começou em 1832, quando William Huntington Russell, então um estudante de apenas 24 anos, encontrava-se em Yale. Ele havia acabado de retornar de uma temporada de estudos na Alemanha e tinha a cabeça cheia de ideias que gostaria de ver aplicadas em seu país. Ele era descendente de uma família tradicional britânica e não via a hora de entrar para uma famosa irmandade estudantil, a Phi Beta Kappa, considerada até hoje uma das mais antigas e prestigiadas nos Estados Unidos. Porém, como reza a lenda, não foi aceito por ela. Isso deixou o jovem desgostoso a ponto dele decidir unir-se a outro universitário, Alphonso Taft, para fundar o grupo que viria a ser a Skull and Bones.

No começo, o grupo respondia pelo nome de Clube de Eulogia, uma referência indireta ao grande orador grego Demóstenes, e aos estudos clássicos. Depois de um tempo, o símbolo da caveira e dos ossos teve o acréscimo de um misterioso número, que aparece abaixo dos ossos cruzados, o 322. Especula-se até hoje seu real significado, mas, segundo Robbins, isso também teria a ver com a história de Demóstenes: seria o ano em que o orador morreu - 322 a.C.

Segundo o mito, após o falecimento do orador, a deusa grega da eloquência - de nome Eulogia - teria ficado triste e voltado para o convívio das demais entidades, abandonando a terra dos mortais. As pessoas comuns a veriam de novo apenas em 1832, quando a fundação da sociedade secreta ofereceu-lhe um novo refúgio. Não há como saber ao certo se esse é mesmo o verdadeiro sentido da irmandade, pelo menos até o fechamento deste trabalho.

Yale é ainda hoje um local em que predominam os filhos de gente muito abastada. Então, não é de se espantar que os fundadores e seus primeiros membros tenham usado os recursos de suas famílias para conceder ao grupo um lugar de encontro na forma do edifício descri to anteriormente. Os frequentadores o conhecem como "A Tumba", uma espécie de apelido carinhoso.Os encontros acontecem religiosamente todas as quintas e domingos, sem que ninguém tenha conseguido descobrir o teor do que é discutido.

Claro que adeptos de teorias da conspiração aproveitaram o mistério para lançar dúvidas sobre os encontros. A enorme quantidade de teorias encontradas em sites da Internet é para deixar um crédulo certo que eles querem mesmo dominar o mundo, ou o mais cético morto de tanto rir. Uma dessas teorias aponta que "segundo fontes não esclarecidas" (seja lá o que for isso), os membros reúnem-se para falar de si mesmos, como uma espécie de terapia coletiva. Uma outra, que lança mão "das mesmas fontes", afirma que eles participam de jantares caros (o que não é de espantar, visto o nível financeiro dos membros), e que o jogo de louça é constituído por peças de valor histórico, que teriam pertencido a nazistas famosos, entre eles o próprio Adolf Hitler.

Quem não pertence à irmandade é alcunhado não de neófito (um termo mais ligado à área esotérica), mas sim de "bárbaro", a mesma denominação que os antigos romanos davam a quem não pertencia ao mundo greco-romano. Como se isso não bastasse, ainda há histórias que afirmam que os relógios do local estão sempre cinco minutos adiantados, já que os membros estão sempre à frente do resto da humanidade.

Uma história, entretanto, parece ter certo fundamento: a Tumba possui entre seus pertences os ossos do chefe indígena Jerônimo, desenterrados e levados para lá por Prescott Bush, avô de George W. Bush, o que levantou a especulação de que outros cadáveres famosos (embora não se saibam exatamente quais) estariam na sede. Esses troféus macabros estariam numa sala reservada, numa parte em que haveria outro recinto reservado para supostos cultos satânicos.

Como já foi dito, ninguém pede para entrar, mas é escolhido. Todos os anos, por volta do mês de abril, são escolhidos 15 estudantes que cursam o terceiro ano em Yale. Cada membro potencial recebe um discreto tapa nos ombros. Caso aceite juntar-se ao grupo (por incrível que pareça, há relatos de pessoas que recusaram), ele deve comparecer diante da porta da Tumba para sua iniciação.

E por falar em tal "ritual", esqueça tudo o que já foi dito sobre como uma pessoa é iniciada nas outras sociedades secretas: nenhuma parece alcançar o nível teatral dessa. Tudo ocorre em duas noites. Na primeira, o candidato deve contar para todos, em detalhes, suas experiências sexuais mais pervertidas. Na segunda, o assunto fixa-se no relato da vida do candidato. Um detalhe: na primeira noite, o estudante, completamente nu, deita-se num caixão enquanto conta seus casos sexuais. Os membros mais antigos escutam e observam tudo ao lado. A ideia é que cada pessoa conte seu pecado mais comprometedor, para que os demais, que compartilharão do segredo, tornem-se seus cúmplices. Assim, os laços de amizade entre os membros se estreitam, por terem algo em comum.

Depois dessas duas noites, cada novo membro recebe o que será seu nome de trabalho, um pseudônimo que será utilizado durante os encontros do grupo. Cada novato passará um ano prestando serviços para a irmandade, como aconteceu com Bush pai, em 1948, e Bush filho, em 1968. 

Segundo artigo publicado na revista L'Express, às vezes membros influentes do governo ou do mundo das finanças aparecem na Tumba para discutir dossiês confidenciais. Encontram-se para jantar nos dias já citados anteriormente, e o fazem com classe. Dinheiro para isso os membros possuem, já que, como foi descoberto recentemente, a sociedade tem muita renda. Em 2004, para se ter uma ideia, eles declararam para o governo nada menos do que US$ 3,02 milhões.

Os membros também são proprietários de uma ilha particular, localizada na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá, chamada Deer Island (Ilha do Cervo), doada por um dos integrantes. E como se isso não fosse o suficiente para deixar qualquer um impressionado, ainda há relatos de que cada novo membro recebe uma quantia considerável em dinheiro (embora ninguém saiba dizer o montante exato) para gastar como e com o que quiser.

Ramificações
Robbins afirma em seu livro:
`A única razão da existência dessa sociedade é a de colocar seus membros em postos de influência."
O que parece ser um objetivo atingido com sucesso. Além dos presidentes, já foram identificados pelo menos dois juízes da Suprema Corte, um chefe da CIA, além de vários senadores, empresários e até mesmo atores. Sabe-se que os homens que elaboraram a política externa dos Estados Unidos antes e depois da II Guerra Mundial, pelo menos até a administração de John F. Kennedy, eram todos bonesmen.

Eles estão por toda parte? Com certeza, como pode ser verificado a partir dos nomes de alguns agentes da CIA e de filhos de grandes fortunas norte-americanas que fizeram parte da Skull and Bones, entre eles Phelps, Rockefeller, Taft, Harriman e Whitney. A presença dessa sociedade secreta no dia-a-dia norte-americano tornou-se mais destacada quando houve a campanha presidencial de 2004, na qual os dois candidatos, George W. Bush e John Kerry, foram membros desse grupo. Somente no gabinete de Bush havia 11 bonesmen reconhecidos.

Em trecho de artigo originalmente publicado no site Duplipensar, temos a seguinte definição da Skull and Bones:

A Skull and Bones é um bastião da elite norte-americana, reduto da tradição cultural e política da fração protestante branca e anglo-saxã (a velha identificação conhecida formalmente nos EUA como WASP - White Anglo-Saxon and Protestant). Sua reputação é muito mais significativa que das demais agremiações secretas que funcionam em Yale (Scroll er Key, Book er Snake, Wolf's Head, Eliahu e Berzelius), todas, contudo, seletas ordens elitistas que recrutam para os seus quadros os indivíduos mais promissores da universidade. Em termos competitivos, provavelmente, a única entidade de Yale capaz de impor uma concorrência à Skull and Bones é a Scroll er Key, e, em termos atuais, ambas possuem, respectivamente, identificações predominantes ao Partido Republicano e ao Partido Democrata, reproduzindo a polarização entre conservadores e liberais. Harvard e Princeton, que formam juntamente com Yale o grupo de elite das instituições superiores dos EUA, também possuem suas influentes ordens secretas, contudo, nenhuma delas possui tamanha atuação efetiva pelos subterrâneos e superfície da política norte-americana. "

Atualidade 

Muito já se disse a respeito da atuação da Skull and Bones na atualidade. Como todos sabem, a disputa entre George W. Bush e John Kerry obteve um resultado oficial que indicava a derrota de Bush, resultado esse que foi modificado de maneira pouco convincente, levando muitos a especular que a dita sociedade secreta teria, literalmente, "mexido os pauzinhos" para colocar na presidência o homem que ela realmente acreditava que seria um presidente melhor. Kerry, por pertencer também à Ordem, simplesmente calou a boca e engoliu a decisão de seus supostos superiores. 

Mas isso não é tudo. Quando Nixon caiu e a presidência foi assumida por Gerald Ford, em 1974, especula-se que os bonesmen passaram a preparar o retorno do presidente deposto. Vejamos mais um trecho do já citado artigo: 
"Kissinger e seus aliados começaram a perder espaço. jalnes Schlesinger foi substituído por Donald Rumsfeld como Secretário de Defesa e William Colby, diretor da CIA, perdeu seu cargo para George Bush. Os bonesmen estavam mesmo tentando recompor suas tradicionais posições na Casa Branca, mas a eleição de jimmy Carter, em 1976, impôs uma frustrante interrupção em seus planos. O retorno teve que esperar e ser procedido deforma lenta e gradual. Bush retornou às raias do governo como suplente presidencial do canastrão Ronald Reagan entre 1980 e 1984 e então articulou sua própria ascensão ao cargo de maior importância política do mundo. Juntamente com ele, a Skull and Bones retornou à Casa Branca de maneira tão confortável quanto nos tempos de Stimson. " 
Esse jogo de poder durou por pelo menos algumas décadas, e envolve-se até a raiz na política norte-americana, o que já foge um pouco à proposta deste livro. Basta dizer que nomes como o de Bill Clinton seriam uma espécie de pedra no sapato da sociedade secreta, que só voltaria a ter pleno poder quando George W. Bush tornou-se presidente.

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